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A cultura nordestina sentada à porta

Sempre que vou até a casa de minha irmã numa fazendinha, na saída da cidade avisto uma figura de seus 70 e poucos anos e cabelos branquinhos como algodão.
Sentado à porta com sua camisa "vortimundo", seu chapéu preto e suas calças sociais alinhadas ele segura um rádio de pilha enquanto observa os carros passando.
Tenho um desejo imenso de descer do carro e pedir-lhe que me deixe registrar momento tão sublime
com minha máquina fotográfica, mas a última coisa que quero é atrapalhar a rotina daquele senhor que destoa da paisagem urbana e daqui algum tempo destoará também da paisagem rural desta ponta do sertão nordestino.
A cultura nordestina sentada à porta

Na verdade, a imagem deste homem que parece congelada no tempo me reporta à infância e me aquece a alma ao tempo que me apavora.
Daqui alguns anos, passarei por aquele caminho e ele não mais estará sentado com seu traje de homem do campo e seu rádio de pilha... Talvez seja esta a última imagem que eu tenha da cultura do vestir sertanejo e do viver como sertanejo de raiz.
Para muito isso é nada... Muitos passam sem notar aquele senhor e sem avaliar a beleza daquela figura singela, doce, parada no tempo... Aquela figura que conserva em si uma cultura que beira o esquecimento, uma cultura que agoniza e morre.
Antigamente, esta imagem figurava nas ruas quase que ao estilo moda do momento. Os homens em geral usavam este traje e ouviam seus radinhos numa roda de amigos animada.
O "meu" senhorzinho senta-se a porta sozinho, e sozinho olha para o tempo. Ele mostra aos transeuntes que se dignam a notá-lo que é um homem de raiz, um homem nos antigos moldes culturais desta ponta do nordeste
Neste exato momento, falo sem medo de errar, ele está sentado à porta com sua linda e colorida camisa antiga, seu chapéu preto,  ouvindo mais um programinha de rádio.
Esta embelezando a paisagem...

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